segunda-feira, 4 de junho de 2018

LISBOA, A PÉROLA DE PORTUGAL *

Conheci Lisboa há 8 anos atrás. Para mim, a cidade era o que descrevia a música Lisboa Antiga, cantada pela grande Amália Rodrigues. Mas, nessa primeira ida a Portugal resolvi seguir os conselhos do amigo Sérgio Leite que andou por lá uns bons 15 anos.
Lisboa é realmente uma cidade magnifica, onde o antigo e o novo se mesclam harmoniosamente. E, apesar das colinas íngremes, é uma cidade gostosa de se caminhar. 

E como eu gosto de caminhar, segue uma sugestão que, se bem aproveitada dura um dia. Vá passear no Parque Eduardo VII e apreciar os jardins e a beleza do local. A seguir, desça pela direita do parque e aprecie a Rotunda do Marques de Pombal. A estátua ali colocada é uma justa homenagem à pessoa que comandou a reconstrução de Lisboa depois do terremoto de 1755, um dos cinco maiores terremotos já catalogados pelos geólogos (estimativas de intensidade chegando a 8,9 na escala Ritcher), que só discutem até hoje se ocorreram 7 ou 9 tsunamis pós terremoto, com ondas de mais de 30 metros na costa próxima a Lisboa. Morreram cerca de 30% da população da cidade que contava com cerca de 300 mil habitantes. Cerca de 85% das construções da cidade foram arrasadas e o Marques de Pombal comandou esta reconstrução, da cidade e do sul do país. 
Rotunda do Marquês, com o parque Eduardo VII ao fundo

E a obra desta reconstrução pode ser admirada ao se caminhar pela Avenida da Liberdade, que liga a Rotunda do Marquês à Praça dos Restauradores. Esta avenida foi originada no século XIX, em cima de um caminho chamado de Passeio Público, originado da reconstrução pombalina. A sensação de caminhar nesta avenida é a mesma de se caminhar em qualquer boulevard parisiense ou de outra grande capital europeia. O bom é que a avenida desce em sentido do Rio Tejo, com uma inclinação muito suave. Aproveite para apreciar lojas, jardins, belas construções e os cafés. Se não estiver cansado, vá até a beira do Rio Tejo, passando pela Rua Augusta e dê uma parada no Museu Nacional de Arte Contemporânea. Ali ocorrem sempre boas exposições. E por fim você chegará na Praça do Comércio, onde se situam diversos prédios públicos, oriundos da reconstrução de Lisboa. Aprecie a vista do Rio Tejo e tire bastante fotos ao longo do caminho, pois tem muita coisa interessante para se fotografar e rememorar.
Outro passeio interessante é pegar o carril (bonde) perto da Praça do Comércio e subir até o Castelo de São Jorge, visitar o castelo, subir na famosa Torre do Tombo e apreciar a vista da cidade, que é magnifica. Um detalhe de infraestrutura: repare na quantidade de placas fotovoltaicas (solares) nos telhados de prédios e casas. A geração distribuída de energia é uma realidade em Portugal, gera-se para consumir e o excedente é vendido. Portugal investe firme nas energias renováveis.
Outro museu muito interessante de ser visitado é o Museu da Fundação Gulbenkian, que abriga a coleção de arte do magnata do petróleo armênio Calouste Goulbenkian. A história da ida de Gullbenkian para Lisboa é um capítulo à parte e quem tiver curiosidade pode ler Lisboa – A Cidade Vista de Fora e Lisboa – A Guerra nas Sombras, ambos do inglês Neill Lochery, que dá uma aula de Lisboa. E o parque que envolve o museu também merece ser visitado.
Uma experiência inesquecível é visitar o Oceanário de Lisboa e caminhar no seu entorno, o Parque das Nações. O oceanário tem uma arquitetura ultra moderna, e, pra mim é uma experiência sensorial incrível. Sensorial e reconfortante. Sai-se de lá mais leve, uma certa sonolência, mas extasiado com a magnitude do local. Pra mim, que já fui lá duas vezes, é uma coisa indescritível.
Outro passeio tradicionalíssimo é visitar o Mosteiro dos Jerônimos, onde se encontra o túmulo de Vasco da Gama, visitar a Torre de Belém, e depois, bem depois, empanturrar-se à tripa forra (salve Eça de Queiroz) de cafés e pastéis de Belém. O café e restaurante que é dono do nome e da fórmula original desta iguaria típica fica neste caminho. Prepare-se para as filas, tanto para um cafezinho e um pastel, como para fazer um almoço no restaurante. Pelo que me lembre, não fazem reservas.
Uma dica com relação a cafezinho em Portugal. Sempre peça seu cafezinho cheio, se não, vem a xícara com café pela metade, pois é hábito português beber o café o mais forte possível, com um ou dois pequenos goles.
E para terminar, 3 dicas para jantares. O tradicional Solar dos Presuntos que tem seu forte nos frutos do mar. O afamado Pap’Açorda é outra pedida, saiu do Bairro Alto e agora está no reformado Mercado da Ribeira Nova, no Cais do Sodré e reserve um lugar no seu estômago e peça com sobremesa a mousse de chocolate, que é indescritível e muito famosa. Se você gosta de champanhes, vá na Champanheria do Cais, também no Mercado da Ribeira Nova. E por fim, para uma outra experiência indescritível, vá ao Mini Bar, do chef José Avilez, uma das revelações da nova cozinha portuguesa, fica no bairro do Chiado.
Dois conselhos para quem vai à Lisboa. Recomendo, para todos os restaurantes citados, fazerem reservas com uma certa antecedência. E, esqueçam o carro. É impraticável fazer turismo em Lisboa de carro, poucos estacionamentos e todos muito caros. Ande a pé, de metrô ou de taxi, ou mesmo os veículos de aplicativos.
E boa viagem à Lisboa para todos. 

* Publicado no Jornal do Brasil em 04.06.2018

Um comentário:

  1. Grande Maurício muito interessantes as matérias sobre Portugal abraco

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