Pretendia iniciar o ano com outros temas, mas o
que presenciei hoje merece uma reflexão e uma verificação. Coloco o assunto no
blog, porque sei que de uma maneira ou outra virão respostas através dos nossos
leitores.
A coleta de recicláveis na cidade do Rio de
Janeiro, segundo vários sites que pesquisei, beira os 5%, e a empresa municipal
de lixo, a COMLURB, é responsável por menos de 1%. Os quase 4% restantes são de
responsabilidade de catadores de lixo reciclável.
Isto é um percentual muito baixo e países
europeus reciclam mais de 60% de seu lixo, o Japão quase 80% e os EUA cerca de
50% do lixo gerado pela população.
Do meu lado, a prática de reciclar o meu lixo
doméstico vem de 1993, onde entregava o reciclado que eu gerava em uma
cooperativa de catadores que funcionava associada à COMLURB em baixo da ponte
da Joatinga, na entrada da Barra da Tijuca. Com o início da coleta seletiva no
meu bairro, passei a depositá-lo na porta da minha casa uma vez por semana, no
dia em que o caminhão da COMLURB passa no local.
Esclareço aos meus leitores que iniciar
reciclagem de lixo na minha casa deu-me um grande trabalho. Foi duro educar
familiares e prestadores de serviço domésticos ao hábito de separar lixo
orgânico do reciclável. No início era taxado de louco. Deu trabalho, mas hoje
todos fazem sem perceber. E, em visitas periódicas ao exterior, e onde fico em
residências de amigos ou familiares, vejo que a coleta de recicláveis é
realidade, principalmente na Europa, com caçambas de coleta próprias espalhadas
por todas as cidades.
Recém chegado de mais uma estadia europeia e na
6a feira (10.01.2014), coloco meu reciclado na porta de casa,
devidamente ensacados, exceto uns blocos de isopor, que acondicionavam um
eletrodoméstico que comprei. Não cabiam em nenhum saco de lixo, pois tinham
acondicionado um fogão. Para minha surpresa, o caminhão recolheu os sacos e
deixou o isopor. Resposta do pessoal da coleta: “Isto não se recicla”. Resolvi
não discutir com os lixeiros, pois estão cumprindo ordens de alguém da COMLURB.
Mas, ficam as indagações e indignações, pois:
- isopor (poliestireno
expandido ou EPS) se recicla em 100%;
- é um derivado de petróleo e quase 97% dele são gases; tem alto poder calorífico, podendo ser queimado para gerar energia;
- como pouca gente sabe disto, ele acaba indo para o lixo comum, que é colocado em vazadouros ou em aterros sanitários.
O engraçado disto tudo é que a COMLURB, empresa
de coleta de lixo da Prefeitura do Rio, informa a seus funcionários que o
isopor não se recicla, e o que faz a maioria da população? Coloca o mesmo no
lixo comum, que acaba indo para um aterro sanitário, poluindo mais ainda o meio
ambiente, E perde-se uma fonte de receita para a empresa, pois qualquer
material reciclado é vendido a empresas que reprocessam os mesmos. Uma grande contradição, pois a empresa é que tem que orientar a população sobre a boa prática de coleta seletiva.
E como pagamos impostos, e gostamos que o nosso
imposto seja aplicado corretamente, fica aqui a cobrança para que a Comlurb
passe a coletar como reciclável o isopor.
Em tempo: como sou teimoso, quebrei os blocos
de isopor em pedaços menores, ensaquei-os e na última 6a feira
(17.01.14) a coleta seletiva da Comlurb levou o isopor. O que vão fazer com os
pedaços realmente não sei mas é triste ter que usar estes artifícios.
E uma outra lembrança me ocorreu. A coisa pode
ser cultural, pois nos idos dos anos 90, levando uns pedaços de isopor para a
cooperativa de catadores da Ponte da Joatinga, os catadores me disseram que
isopor não se reciclava e por mais que eu dissesse que sim eles afirmavam que
não. Pode ser cultural mesmo, mas, de novo, o catador pode ser semi analfabeto,
mas uma empresa de lixo...
Meu caro Maurício, como você deve saber, o lixo é um luxo, uma riqueza fantástica, tanto assim que várias são as empresas país a fora que disputam a ferro e fogo (literalmente) a coleta de lixo.
ResponderExcluirPois bem, os catadores amigo são apenas massa de manobra, ninguém, de governo algum, fez qualquer trabalho sério com os mesmos, em que pese a existência de várias verbas públicas e até privadas para tanto.
Não faz muito tempo estive participando com alguns companheiros do cooperativismo da criação de um projeto para a constituição de uma central de catadores que dentre outras coisas ofereceria aos mesmos (catadores) formação profissional na área. Resumo da ópera, o projeto ficou no papel porque são tantas as artimanhas da burocracia para se obter os recursos e tantos os pretensos partícipes do negócio que fica impossível tocar qualquer projeto.
Abraços do amigo Paulo Cantuaria.