São tantas coisas para
escrever sobre as deficiências de nossa infra estrutura de dia a dia, que me
esqueço da principal deficiência de nossa infra estrutura que é a qualidade de
nosso serviço público, e a quantidade de entraves burocráticos que temos.
Lembro a quem me lê que
serviço público é infra estrutura, e talvez a infra estrutura mais básica de
qualquer país. A partir de um bom serviço público, os outros serviços,
principalmente os que normalmente consideramos como a infra estrutura (portos,
aeroportos, vias públicas etc), estes normalmente são de qualidade quando a
máquina pública é boa.
Estava neste domingo em um brit, a cerimônia judaica da
circuncisão, do filho de um casal de amigos meus. Conversando com um dos convidados
sobre o blog, ele me contou uma história muito doida sobre a nossa burocracia e
como a mesma funciona contra o cidadão pagador de impostos, e no caso dele, deficiente físico.
Ele tem uma deficiência nas
pernas, por conta de um acidente e não tem a mobilidade completa delas. Usa
automóvel preparado para deficientes e me contou sobre uma barbaridade
burocrática. Ele, quando troca de automóvel, ele tem que fazer um processo
junto à Receita Federal e à Secretaria de Fazenda Estadual (neste caso no Rio de
Janeiro) para obter a isenção do IPI e ICMS, respectivamente. Até aí, nada
demais, pois a deficiência poderia ser não permanente, e na troca de caso, ele
já poderia não mais necessitar de veículo especial. Neste processo, ele junta
laudos médicos para comprovar a sua condição de deficiente físico.
Mas, o mais incrível acontece
na hora de pagar o IPVA anual. Lembro, para quem não sabe, que tanto o ICMS
quanto o IPVA são tributos estaduais, e neste caso o estado que concede o
benefício sabe que o pleiteante é deficiente, pois quando da aquisição do
veículo, ele já fez o processo para a isenção do ICMS embutido no preço do
carro. A pessoa me contou que, na hora de pagar o IPVA, tem que refazer o mesmo processo para ter a isenção
do mesmo. Isto é um absurdo, já que os processos das isenções de ambos impostos
já deveriam estar ligados, pois a origem do fato é a mesma, ou seja, o carro é
de um deficiente físico.
Não sei se isto acontece em
outros estados, mas, pelo menos, está acontecendo aqui no Rio de Janeiro.
E a conversa com as pessoas em
volta era a revolta de como a burocracia pública trata a quem a suporta,
através dos impostos que pagamos. Todos tinham uma história curiosa e
revoltante a contar.
As entidades que zelam pelos
direitos dos deficientes físicos têm que botar a boca no trombone, pois isto
parece diletantismo e exercício de poder da burocracia.
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