segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PORQUE PAROU, PAROU POR QUE?


Não tem nada a ver com o título do post, mas dei uma parada para um retiro espiritual e recarregar as baterias. Estou voltando e vamos à luta.
Este é um blog que fala da infra estrutura de nosso dia a dia, e por que a infra estrutura é tudo em um país, para que o mesmo tenha eficiência e seja competitivo no que faz.
Este post e o próximo procurarão mostrar porque o Brasil está perdendo eficiência, por conta de uma total falta de saber o que se fazer com os recentes protestos. O primeiro post fará um retrospecto o que aconteceu no país e mais especificamente no Rio de Janeiro. O segundo post procurará levantar uma hipótese sobre o que significam os recentes protestos.
Vamos fazer um retrospecto dos últimos eventos, começando do início de Junho deste ano.
01.06 – Início de mês e tudo calmo.
06.06 – Início das manifestações em São Paulo. Já haviam ocorrido pequenas manifestações em Porto Alegre e Goiânia desde fins de maio.
07.06 – Início das manifestações no Rio de Janeiro. A totalidade destas manifestações era por conta do aumento das passagens dos ônibus urbanos. E a coisa cresceu.
08.06 a 16.06 – Protestos pipocam por todo o Brasil. Diversas prefeituras de capitais revogam os aumentos nas passagens de ônibus. Os aumentos deveriam ter ocorrido em janeiro, mas por conta do  crescimento da inflação, Governo Federal pede que prefeituras adiem os aumentos para junho. Protestos assumem cunho generalista, sem pauta ordenada, não se limitando aos aumentos de ônibus. A característica é: Todos Reclamam de Tudo.
15.06 – Abertura da Copa das Confederações, de futebol. O torneio foi até o dia 30.06. Diversos protestos ao longo do torneio, nas cidades sede do mesmo – Rio, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador, principalmente por conta nos gastos das construções dos estádios, a maior parte com verbas públicas. Reclamações criam o “padrão FIFA” para hospitais e escolas, principalmente. Vários dos protestos terminam em confusão.
17.06 – Série de protestos no Brasil inteiro. No Rio de Janeiro, são mais de 300.000 pessoas nas ruas. Começam as primeiras depredações e os conflitos com as polícias. Os locais onde ocorrem estas manifestações têm suas atividades econômicas paralisadas, pois empresas e lojas fecham as portas antes dos protestos.
18.06 – Começam a pipocar interrupções de vias públicas, cerco a prédios públicos, principalmente a Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas estaduais. Vários prédios públicos e estabelecimentos comerciais e agências bancarias começam a ser depredadas.
21.06 – Diversos protestos em todo o Rio de Janeiro. Os mais importantes foram na Barra da Tijuca, que terminou em vandalismo, na Rocinha e em frente à residência do governador Sérgio Cabral. O protesto em frente à residência de Cabral se torna um “occupy Wall Street” carioca. O protesto da Rocinha contem uma originalidade, pois a comunidade protesta contra a construção de um teleférico na área e quer saneamento e creches. Comentamos isto no blog em 20.07.2013. O protesto da Rocinha promove um grande engarrafamento na Zona Sul do Rio, pois os manifestantes marcham em passeata pela Av. Niemeyer ao encontro dos manifestantes do “occupy Cabral”, no Leblon.
21.06 a 18.07 – População do Brasil e, principalmente empresas, começam a acompanhar a “programação dos eventos” via Facebook, principal canal de comunicação e “organização” das manifestações. No Rio de Janeiro ocorrem diversos protestos ao longo dos dias, alguns com menos de 100 participantes, outros com mais de 10.000. Empresas e lojas passam a colocar tapumes em frente aos seus estabelecimentos. O Centro do Rio é uma visão de tapumes de obras, mas sem obras.
17.07 – Protestos do “occupy Cabral” desandam em grande conflito no Leblon, e se estendendo a parte de Ipanema. Várias lojas são quebradas. Grande engarrafamento na cidade do Rio de Janeiro.
18.07 – Começam as atividades da Jornada Mundial da Juventude - JMJ, que prevê a visita do Papa entre 22 a 28.07. Quatro feriados no Rio de Janeiro são programados por conta da visita do Papa, a fim de facilitar o trânsito e o fluxo de pessoas.
23.07 a 04.08 – Vias de acesso ao Corcovado e Parque Nacional da Tijuca são fechadas. Motivo alegado é a quantidade de peregrinos por conta da JMJ.
24.07 – Colunista Ancelmo Gois noticia que conhecida empresa de roupas íntimas femininas tem negado, pela Justiça, o seu pedido de funcionar ao longo dos “feriados do Papa”, e ainda faz uma ironia contra a empresa.
28.07 – Jornais publicam que a visita do Papa trouxe recursos da ordem R$ 1,2 bilhões.

Fiz este retrospecto para mostrar o que? Para mostrar que a economia está parando por conta de protestos diários, interrupções de jornadas de trabalho por conta de feriados do Papa, da Copa das Confederações e dos tumultos generalizados no país.
Como fica a produtividade de empresas? Quem paga os prejuízos com estas interrupções. Ciei o caso da empresa de lingerie, pois a conheço desde os anos 1970, quando fiz auditoria na mesma. Hoje, esta empresa tem sua força de vendas constituída por “consultoras autônomas”, que, de catálogos em punho, fazem as vendas na base do porta a porta. Esta atividade é uma atividade complementar para estas pessoas. Quanto mais feriados houver, mais vendas são feitas. A empresa, ao tentar abrir nos feriados está tentando sobreviver, pois como vai produzir o que foi vendido? Não há planejamento de produção industrial que resista a isto tudo.
Cito também um caso pessoal. Eu estou mudando o endereço de meu escritório, saindo de uma “periferia” do Centro e indo para “o olho do furacão” dos protestos do Rio, o eixo da Av. Rio Branco. Tive atrasos em entregas de mobiliário e eletrônicos, pois o calendário das entregas ficou em função de dias sem protestos. Os operários da reforma, ou não apareciam, ou saíam mais cedo. Tudo isto atrasou a mudança, e aumentou custos.
A reflexão que faço em duas naturezas, uma legal e outra de infra estrutura mesmo.
A legal é: Onde estão o direito de ir e vir e o direito de trabalhar, assegurados na Constituição?
A de infra estrutura é: Será que precisamos decretar um estado de sítio virtual para termos grandes eventos no país? Pois com a Copa das Confederações e com a visita do Papa, um estado de sítio virtual foi decretado. E aí fica o absurdo disto tudo, pois ao se noticiar uma pretensa receita de turismo com a visita do Papa, e também com a Copa das Confederações, esqueceram fortuitamente de levantar-se os custos com as paralizações e feriados.
Alguma associação de classe ou instituto de pesquisa econômica tem que começar a calcular estas perdas, que, com certeza, não são nada pequenas. Em próximo post, irei alargar estas críticas, porque o Brasil está parando desde o início de junho deste ano. Estamos perdendo eficiência e competitividade.

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