Minha boa e paciente professora de português no ginásio, Samira
Mesquita (mãe do grande gente boa Evandro Mesquita), ensinou a alguns milhares
de garotos e garotas que se vai a algum lugar, ou seja, o lugar que se vai é um
substantivo.
Outro dia, dirigindo pela Linha Vermelha para a Universidade
Federal, na Ilha do Fundão, deparei-me com uma placa indicativa de
“Internacional” e vi que tinha um símbolo ao lado. Não deu para ver o que era
pois ia a 80 km por hora.
Comentei com Dona Patroa que dá aulas na Federal e passa por ali
sempre e ela comentou: “Ué? Você nunca reparou que as placas que indicam o
caminho para o Galeão são de “internacional” e que o simbolozinho é de um
avião? E que desde a Lagoa, na entrada do Rebouças, já é assim?”
Falei que realmente nunca tinha reparado, mas fiquei abismado, pois
desde fedelho no colégio aprendi que se vai ao lugar, portanto um substantivo e
que internacional é adjetivo.
Veio logo na cabeça aquele mente de filmetes de um grupo de humor
que rola no Youtube, e que o bordão é: “Imagina na Copa!!!”. Pois é, imaginem como vai ser na Copa do
Mundo em 2014.
Em qualquer canto do mundo, a coisa mais confortável que se faz,
principalmente nos EUA, é já no aeroporto alugar um carro e sair dirigindo. E,
imaginem na Copa a quantidade de gringo querendo dirigir por aí com placas
desta maneira. Lembrei-me de duas
coisas:
- existem algumas palavras no vocabulário mundial que são compreendidas quase por todo mundo e internacional é uma delas. Mole de entender em inglês, francês, italiano, espanhol, ou seja 2/3 do mundo entende.
- como nas línguas citadas internacional é adjetivo, o gringo vai ficar pensando: “internacional o quê?”
Fiz um esforço de lembrar das minhas últimas viagens e observei na
última em fins de 2012, que em Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, San Diego,
Madri, Lisboa e Londres, ou tem a palavra aeroporto na língua de cada um, ou o
nome do aeroporto (em Londres as placas têm Heathrow, Gatewick, Luton) e em Los
Angeles como tem 3 aeroportos e 2 são internacionais, as placas são LAX Intl’ e
John Wayne Intl’. Nova Iorque tem o nome
do Kennedy, La Guardia e Newark, e por aí vai.
E aeroporto é daquelas palavras inteligíveis em um número grande de
línguas.
Dava para as nossas autoridades (aqui do Rio) começarem a atentar
para isto? E, desde que reparei neste
absurdo indicativo, vi que a coisa é mais séria, pois o Hospital Universitário
do Fundão, na placa está escrito Universitário e tem uma cruzinha ao lado. Olha
lá o adjetivo de novo. Se vocês forem na Barra da Tijuca, tem uma placa que diz
Leila Diniz e, de novo, a cruzinha ao lado. Se bem que Leila Diniz é
substantivo (nome próprio), mas o coitado do turista não tem obrigação de saber
que Leila Diniz é hospital maternidade; se for brasileiro lembrará (os mais
velhos) da grande atriz e personalidade. Se for gringo, vai ser aquela de: Ahn?
A questão de placas indicativas no Rio de Janeiro, realmente, é
coisa séria. Eu sempre me confundo naquela bifurcação da Linha Vermelha, para
que vai seguir em direção à Baixada ou pegar a Ilha do Governador (e para o
Galeão). A placa fica em cima da bifurcação, num local com umas 5 faixas de
rolamento. Não entendo como já não houve ali um acidente de grandes proporções.
Não dava para copiar São Paulo e, pelo menos a uns 2 quilômetros
antes da bendita bifurcação, virem colocando umas placas suspensas, indicando:
Ilha / Galeão Faixas 1 e 2. Baixada / Petrópolis / São Paulo Faixas 3 e 4. Em
São Paulo, ninguém se atrapalha para pegar a Dutra, a Ayrton Senna / Carvalho
Pinto, a Regis, etc, pois as Marginais têm este tipo de placa.
Prefeito e Governador, vamos seguir o bom português? Placa é
substantivo, e tem que ser de fácil compreensão pra qualquer um que more ou
visite a cidade. Isto se quisermos atender bem a quem mora nela ou a quem a
visita. E mais ainda, placa é igual a outdoor
(salve Cristina Bacelar minha professora de marketing), tem que ser sintética e
esclarecedora, pois é dirigida a quem está em velocidade mais alta de que uma
caminhada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário