Manhã de 4a Feira
de Cinzas, estamos Dona Patroa e eu tomando nosso café da manhã e ouvindo a
CBN. Os repórteres da rádio faziam a cobertura de fim de Carnaval, comentando
os fatos bons e os não tão bons, e, nas entrevistas com o público, as tônicas
eram a sujeira das ruas e a confusão no Metrô.
Sujeira na rua será comentário
futuro deste blog, e pelo que ouvi e li, ouve um certo cochilo da Comlurb.
Mas vamos ao Metrô. O sistema de transporte público do Rio é
anacrônico, pois é totalmente baseado nos ônibus. E o nosso sistema de metrô,
de uma única linha serpentendo por toda a cidade é cômico, se não fosse
trágico.
E nos grandes eventos, vem o
tal do “bilhete especial”. Aliás, os ônibus também estão copiando isto nos
“eventos especiais”. Para quem não sabe
ou ainda não observou, o “bilhete especial” de metrô e ônibus existe para
coisas tipo Réveillon de Copacabana, Show da Madona em alguma Arena XPTO, Rock
in Rio, e também para o Desfile das Escolas de Samba no Sambódromo.
Eu não consigo entender isto.
Parece-me uma tungada no bolso do cara que vai ao evento, pensamento do tipo:
“Tá pagando R$ 500 por uma cadeira, tem mais é que comprar bilhete especial”.
Ouvi que o Metrô defendeu-se
dizendo que as pessoas deixaram para comprar na hora o “bilhete especial”. Comento duas coisas:
- - a tarifa e o
bilhete deveriam ser os normais (ônibus e metrô);
- aonde estão as
máquinas de venda de bilhetes em todos os locais, para ônibus e metrô?
Colocar o ônus da
desorganização e da tunga no cliente é muito engraçado mesmo. A culpa é de quem
usa.
Eu fico pensando em outros
locais do mundo que eu conheço, e vou citar pelo menos três: Nova Iorque,
Londres e Barcelona.
Alguns leitores do blog sabe
que, nas horas vagas este escriba é músico, toca em banda e curte assistir
shows de música. Olha a dica – vai rolar em NYC, em abril de 2013, numa 6a
feira e sábado, o 3o Crossroads Guitar Festival, no Madison Square
Garden. O Crossroads Festival é um mega evento reunindo os guitarristas top do
mundo e promovido por Eric Clapton. A
MTA (Metropolitan Transport Authority) vai fazer “bilhete especial” de metrô e
ônibus para o evento? Se alguém lá pensar nisto, caem o chefe da MTA e o
Prefeito de NYC tem impeachment decretado pelos vereadores.
Em Londres, já fui a concertos
em Wembley Arena e no Royal Albert Hall. “Bilhete especial”? Nada. Aliás, vi
B.B.King e o falecido Gary Moore em Wembley Arena, e como o show acabou mais de
meia noite, o metrô de Londres liberou as catracas na volta – acho que não
compensava ficar com gente para vender bilhete ou controlar o fluxo. E fui com
meu Oyster Card velho de guerra (assunto de outro comentário futuro). Paguei
somente a diferença de zonas, da 2 para a 4. Londres tem tarifa por zona
urbana.
Em Barcelona, cidade que nosso
alcaide gosta de citar como exemplo, é repleta de shows e eventos especiais e a
tarifa e os bilhetes são os de uso diário.
Ou seja, está na hora de
acabar este “bilhete especial”, que de especial não tem nada. Está na hora de
colocar as máquinas automáticas de venda de bilhetes e cartões em todos as
estações, a exemplo do que acontece em qualquer cidade grande do mundo dito
civilizado,
Está na hora também de que os cartões de entrada
sirvam para ônibus, trens, barcas e metrô. Ah!, dirão alguns, mas são empresas
diferentes. Com o nível de automação bancária que temos, aliás modelo tido como
benchmark no mundo, é fácil fazer isto. Basta se criar uma câmara de
compensação entre os modais. Mas será que os donos dos mesmos se interessam por
isto? Pelo menos, as receitas (e tributos incidentes) ficariam às claras. Perguntem
às câmaras de compensação das bolsas de valores se eles não se interessam em
controlar isto.
Fácil de fazer, falta de vontade
política. E fica fácil criticar o usuário dos meios de transporte pelo seu
descaso em não comprar com antecedência um “bilhete especial”.
Aliás, teremos diversos tipos
de “bilhete especial” na Copa do Mundo e nas Olimpíadas? Um para cada modal? Os
turistas que virão assistir aos eventos e os profissionais que virão cobrir os
mesmos, o que acharão disto? No mínimo, vão se sentir roubados.
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