domingo, 17 de fevereiro de 2013

MAIS CARNAVAL – AGORA É O METRÔ


Manhã de 4a Feira de Cinzas, estamos Dona Patroa e eu tomando nosso café da manhã e ouvindo a CBN. Os repórteres da rádio faziam a cobertura de fim de Carnaval, comentando os fatos bons e os não tão bons, e, nas entrevistas com o público, as tônicas eram a sujeira das ruas e a confusão no Metrô.
Sujeira na rua será comentário futuro deste blog, e pelo que ouvi e li, ouve um certo cochilo da Comlurb.
Mas vamos ao Metrô.  O sistema de transporte público do Rio é anacrônico, pois é totalmente baseado nos ônibus. E o nosso sistema de metrô, de uma única linha serpentendo por toda a cidade é cômico, se não fosse trágico.
E nos grandes eventos, vem o tal do “bilhete especial”. Aliás, os ônibus também estão copiando isto nos “eventos especiais”.  Para quem não sabe ou ainda não observou, o “bilhete especial” de metrô e ônibus existe para coisas tipo Réveillon de Copacabana, Show da Madona em alguma Arena XPTO, Rock in Rio, e também para o Desfile das Escolas de Samba no Sambódromo.
Eu não consigo entender isto. Parece-me uma tungada no bolso do cara que vai ao evento, pensamento do tipo: “Tá pagando R$ 500 por uma cadeira, tem mais é que comprar bilhete especial”.
Ouvi que o Metrô defendeu-se dizendo que as pessoas deixaram para comprar na hora o “bilhete especial”.  Comento duas coisas:
-            -   a tarifa e o bilhete deveriam ser os normais (ônibus e metrô);
         -  aonde estão as máquinas de venda de bilhetes em todos os locais, para ônibus e metrô?
Colocar o ônus da desorganização e da tunga no cliente é muito engraçado mesmo. A culpa é de quem usa.
Eu fico pensando em outros locais do mundo que eu conheço, e vou citar pelo menos três: Nova Iorque, Londres e Barcelona.
Alguns leitores do blog sabe que, nas horas vagas este escriba é músico, toca em banda e curte assistir shows de música. Olha a dica – vai rolar em NYC, em abril de 2013, numa 6a feira e sábado, o 3o Crossroads Guitar Festival, no Madison Square Garden. O Crossroads Festival é um mega evento reunindo os guitarristas top do mundo e promovido por Eric Clapton.  A MTA (Metropolitan Transport Authority) vai fazer “bilhete especial” de metrô e ônibus para o evento? Se alguém lá pensar nisto, caem o chefe da MTA e o Prefeito de NYC tem impeachment decretado pelos vereadores.
Em Londres, já fui a concertos em Wembley Arena e no Royal Albert Hall. “Bilhete especial”? Nada. Aliás, vi B.B.King e o falecido Gary Moore em Wembley Arena, e como o show acabou mais de meia noite, o metrô de Londres liberou as catracas na volta – acho que não compensava ficar com gente para vender bilhete ou controlar o fluxo. E fui com meu Oyster Card velho de guerra (assunto de outro comentário futuro). Paguei somente a diferença de zonas, da 2 para a 4. Londres tem tarifa por zona urbana.
Em Barcelona, cidade que nosso alcaide gosta de citar como exemplo, é repleta de shows e eventos especiais e a tarifa e os bilhetes são os de uso diário.
Ou seja, está na hora de acabar este “bilhete especial”, que de especial não tem nada. Está na hora de colocar as máquinas automáticas de venda de bilhetes e cartões em todos as estações, a exemplo do que acontece em qualquer cidade grande do mundo dito civilizado,
Está na hora também de que os cartões de entrada sirvam para ônibus, trens, barcas e metrô. Ah!, dirão alguns, mas são empresas diferentes. Com o nível de automação bancária que temos, aliás modelo tido como benchmark no mundo, é fácil fazer isto. Basta se criar uma câmara de compensação entre os modais. Mas será que os donos dos mesmos se interessam por isto? Pelo menos, as receitas (e tributos incidentes) ficariam às claras. Perguntem às câmaras de compensação das bolsas de valores se eles não se interessam em controlar isto.
Fácil de fazer, falta de vontade política. E fica fácil criticar o usuário dos meios de transporte pelo seu descaso em não comprar com antecedência um “bilhete especial”.
Aliás, teremos diversos tipos de “bilhete especial” na Copa do Mundo e nas Olimpíadas? Um para cada modal? Os turistas que virão assistir aos eventos e os profissionais que virão cobrir os mesmos, o que acharão disto? No mínimo, vão se sentir roubados.

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