Ando cismado com este negócio de canteiro de
obra aqui no Brasil, pois sou morador do Rio de Janeiro, mais precisamente no
Itanhangá. E para quem não é do Rio, o Itanhangá é a região da base das
montanhas na entrada da Barra da Tijuca, para quem vem da Zona Sul.
Estão construindo o metrô para Barra, a famosa
Linha 4, que na verdade é um prolongamento da Linha 1. E como a 2 também é um
prolongamento da Linha 1 e a 3 não existe, temos somente uma linha de metrô.
Festa esta digressão, vamos ao que interessa. A
Linha 4 termina na entrada da Barra da Tijuca. A confusão criada para se fazer
um túnel cavado em rocha e uma estação semi enterrada em areia é tremenda. Eu
já consegui contar 5 canteiros de obras, sendo que 3 não são no local da obra,
são em locais afastados. Fizeram uma mudança enorme no trânsito, com fechamento
de retornos, inversões de mão e os benditos cones. Alguém consegue entender
fileiras de quilômetros de cones, para proteger tapumes e, incrivelmente, os guard rails colocados? É a proteção da
proteção. O resultado são enormes engarrafamentos, atrasos de todos, tudo por
falta de planejamento e descaso com quem paga a festa toda.
Lembrei-me de duas mega obras em Londres, que
vi há pouco tempo e as duas são obras de estações de metrô.
Para que não sabe, este escriba é músico nas
horas vagas, toca em banda de blues-rock e gosta de ver shows e visitar lojas
de instrumentos musicais aonde vai. Em Londres, a região das lojas de
instrumentos é a Denmark Street, perto de Totteham Court Station. Não ia a
Londres faziam 4 anos, e fui à Denmark Street. Tomei um susto, pois achei que
tinham implodido a rua. Um canteiro de obras gigantesco obstruía a antiga
ligação entre a Oxford Street (rua do grande comércio londrino) e a ruazinha
dos músicos. Tive que contornar o canteiro de obras.
Curioso, perguntei o que era aquilo. Era a nova
estação de metro de Totteham Court, e que iria servir de estação de ligação com
a linha 2 do Crossrail, sistema de trens suburbanos que vai passar por ali.
Depois de visitar as lojas e fazer as comprinhas de coisas musicais (somente
uma coleção completa de partituras de piano das músicas de Scott Joplin –
lembram de Golpe de Mestre?), dei uma passeada pelo local e vi a organização.
Perfeito, tudo arrumado, nada de sujeira ao redor, confusão de cones,
caminhões, etc. Vejam a foto aérea abaixo. Perfeita organização em pleno centro
de uma cidade grande.
Caminhando
pela Oxford Street, pois Dona Patroa e Dona Filha estavam olhando (???) umas
vitrines na mesma, vejo que existiam obras para a ampliando a estação de Bond
Street. Mesma coisa. Tudo organizado, um tapume sem bloquear nenhum centímetro
da calçada. Vejam a foto que obtive na página do consócio construtor da obra.
Fui pesquisar mesmo e vi na página da internet que o Sindicato das Empreiteiras
de Obras do Reino Unido tem uma avaliação de 8 itens – segurança, meio ambiente, prestação de contas, cortesia com a
vizinhança, aspecto, respeito, responsabilidade, consideração com terceiros. A
pontuação máxima é de 40 pontos, sendo a nota 5 a maior para cada item. O
consórcio construtor desta obra obteve 38 pontos. Ou seja, obra
organizadíssima, com os menores impactos possíveis para a população, ao
contrário do que se vê por aqui. Vejam a obra de Bond Street Station abaixo.
Por que não copiarmos estas coisas boas? E por
que nossas empreiteiras não fazem o que o sindicato inglês faz observando a
avaliação da qualidade das obras no tocante ao relacionamento com o seu
entorno?
Fica a sugestão.
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