Antes de irmos ao assunto,
vamos a uma breve introdução. Quando pensei em fazer o Blog da Infra, em meados
do ano passado, meu amigo e sócio Sérgio Leite – ele já foi personagem de blog
em Portugal, onde trabalhou e morou por 16 anos – recomendou-me fazer um
estoque de artigos. Ele já tinha experiência com blogs e falou-me que o dia a
dia dos negócios atrapalhava a criação dos artigos, e que seria bom ter uns 3
meses de artigos na prateleira, caso resolve-se postar um artigo por semana.
Fiz o que ele recomendou, mas
com o que acontece de contratempo... O
que adianta eu ter um estoque de uns 10 artigos, se a turma governamental insiste
em fornecer mais material para artigos, antes mesmo de eu esgotar o estoque.
Realmente, é probleminha de infraestrutura diária atormentando a todos. Enfim,
não vai faltar assunto para comentar.
Agora é o Metro do Rio, o
minhocão carioca. Único metrô do mundo a serpentear por toda uma cidade. Após a
ligação com a Barra, certamente farão uma ligação Barra a Pavuna e aí ficará
perfeito. Será a nossa “Circle Line” (de Londres), só que passando pela cidade
inteira.
Mas vamos lá. Lemos e ouvimos
nas rádios que, no Rio de Janeiro, interditaram 2 estações, em virtudes das
obras de construção do prolongamento da Linha 1 para a Barra – esta história de
linha 4 é piada, é prolongamento mesmo. Como deixar mais de 45 mil usuários no
trecho sem o metrô? E para obra de interligação?
Vou citar 2 exemplos que vi,
não foi ninguém me contando e se souberem de mais um exemplo, mandem comentário
ao blog.
Nova Iorque, de 1997 a 1998. As
linhas 1, 2 e 3 do metrô de NYC passam em uma estação quase em frente ao
Lincoln Center. Esta estação, em 1996, fez 90 anos e precisava de uma baita
reforma, inclusive nos seus acessos. Ficou cerca de um ano e meio interditada e
vocês acham que foi uma grande confusão? Nadinha. Os trens passavam direto por
ela, e quem tinha que saltar nela, ou saltava na estação anterior ou na
posterior. Mais ainda, o canteiro de obras. Esclareço que esta estação está na
Broadway, quase na esquina da Rua 66 oeste. Broadway interditada? Um mega
canteiro de obras como vemos por aqui?
Nadinha. Um buraco, com tapume, medindo uns 15 x 7 metros, e por ali é que se descia o necessário, ou se transportavam por trens durante à madrugada.
Nadinha. Um buraco, com tapume, medindo uns 15 x 7 metros, e por ali é que se descia o necessário, ou se transportavam por trens durante à madrugada.
Vejam na foto abaixo, como
está hoje, com o elevador para a descida de deficientes e uma das escadas
rolantes. O tapume abrangia esta área, da escada e do elevador, somente isto. E
consultando um jornal da época, vi que 11.000 pessoas usavam esta estação em
1996. Eu vi a obra quando passei por ali, coisa limpa, arrumada, sem confusões,
sem canteiros de obras por todos os lados, sem os benditos cones laranjas por
todos os cantos.
Outra
obrinha bem organizada, também de metrô. Barcelona, mesmo com a crise, está
construindo mais 3 linhas de metrô. Tem uma, a linha 9, que vai cortar quase
toda a cidade pelo norte e terminar no aeroporto, aliás, um belo aeroporto,
assunto para uns 100 blogs brasileiros.
Esta
linha, em um bairro agradável chamado Putxet, vai cruzar com uma linha já
existente, a linha 7, e que tem uma estação chamada El Putxet. Esta estação
fica na Avenida Balmes em frente a uma praça, onde existe o Mercado de San
Gervasi. Na praça, será construída uma nova estação para a linha 9, interligada
à estação da linna 7, já existente. Em baixo da praça, funciona um
estacionamento público. Vocês pensam que
demoliram o mercado para depois reconstruí-lo? Demoliram o estacionamento? Pelo
menos aqui seria assim, e vide a Praça Nossa Senhora da Paz. Em Julho de 2012,
vi a praça cercada por um tapume, estão construindo a nova estação, mas o
estacionamento funciona, o mercado está lá, com um supermercado Consum
funcionando e um monte de pequenas lojinhas também funcionando. E o canteiro de
obras? Uma área imensa, com um monte de áreas auxiliares por perto. E aquela
confusão de cone pra lá e pra cá? Nada, tudo arrumadinho e planejado. E a
Espanha continua em crise.
Em
resumo, o que falta aqui é planejamento e gestão. Dá para fazer grandes obras
sem muito barlho, sem usar um monte de espaço, tendo que demolir um monte de
coisa, para depois reconstruir, ou não. E perturbar a vida de quem já paga um
monte de imposto.
Comentei
estes 2 casos, porque se há planejamento e gerenciamento, pode-se fazer obras
organizadas, quase limpas, sem muitos transtornos para a população. E um
adendo, os locais que eu citei, eu os já conhecia sem as obras. Deu para
comparar.
E
para o Prefeito e Governador do Rio que gostam de citar Barcelona como exemplo:
Senhores copiem e depois aprimorem. Não é feio copiar o que é bom, aliás
aprendemos a escrever copiando e ninguém se envergonhou ou se deu conta disto.
E
vamos ao seviço de utilidade pública Blog da Infra.
Em
Barcelona – Putxet é um bairro agradável, lembra uma Copacabana sem praia nos anos
50. No Mercat de San Gervasi já citado, tem uma lojinha de massas artesanais,
de um italo argentino, que além das excelentes massas, tem o melhor tiramisú do
mundo. Vende o potinho, ou se você morar por lá, ou ficar lá uma temporada,
leve uma tigela e o cara, de um dia para o outro, te enche a mesma de tiramisú.
É barato.
Seguindo
a linha 7 do metrô – Putxet é a penúltima estação, você chega na estação e
bairro de Tibidabo. Vale a pena pegar o bonde (das antigas) e subir o morro, e
no final da linha, ainda tem um funicular (plano inclinado) que sobe mais
ainda. Uma tremenda vista de toda a cidade.
É o Corcovado deles. Bom também
para os atletas, pois é uma subida íngreme, mas suportável, de uns 2 a 3
quilômetros e o prêmio é a vista. Na ladeira (Av. de Tibidabo) por onde passa o
bonde, tem um dos melhores restaurantes de carnes da Espanha, o Asador de
Aranda.
Em
NYC – Falei do Lincoln Center. Uma antiga amiga novaiorquina, cujo contato
perdi (tenho que procurá-la em alguma rede social), me deu esta dica. Se você
quer ir a um concerto, balé ou ópera no Lincoln Center, dê uma passada na
bilheteria umas 2 horas antes do início do evento. Vai ter sempre uma sobra ou
alguém tentando vender ingresso e não é cambista. Esta amiga me dizia que
sempre alguém fica doente, casais brigam no dia do evento, e vão tentar vender
o ingresso perto da bilheteria. Só tenha cuidado de antes depagar, pedir um
favor aos bilheteiros para darem uma olhada no ingresso. Se a coisa for boa, o
vendedor não vai se importar. Não gostava de ópera e virei fã. Ópera para mim
era o disco tocado na vitrola pelo avô da minha namorada (hoje dona Patroa).
Depois que se vê uma boa montagem, com uma boa orquestra, você gosta. E se você
gosta de uma comida razoável, o Café des Artistes é perto. Local tradicional e
que agora se chama The Leopard at des Artistes. E para quem gosta de música,
tem o Beacon Theater ali perto e se você der sorte, vai ter show bom. E se você
for muito sortudo (eu quase dei esta sorte), você vê no Beacon o Donald Fagen
com o Steely Dan ou mesmo, com o Dukes of September.
E
ja ía me esquecendo. Visite a estação do metô do Lincoln Center. Os mosaicos nas
paredes da mesma são maravilhosos.
Aproveitem as dicas e vamos ficar cobrando de nossas autoridades para organizarem e planejarem as obras públicas.
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