quinta-feira, 22 de agosto de 2013

TRAGO A MULHER AMADA EM 3 DIAS (ou xerox a R$ 0,07)


Êpa !!! Mauricio Aquino virou cartomante? Não. Ainda não tenho este poder mediúnico ou advinhatório. Qualquer hora destas, quem sabe...
Este post inaugura uma série (não contínua) de posts sobre o uso dos espaços públicos no Brasil. E, como aqui no Rio de Janeiro começou esta semana a campanha contra a sujeira nas ruas, vou colocar alguma lenha na fogueira neste assunto.
As cidades brasileiras, umas mais outras menos, são na sua maioria bem sujas. Calçadas imundas, pichações, postes cheios de “santinhos”, idem os orelhões. E aqui no Rio de Janeiro, a coisa é bem feia.
Acho interessante que a Prefeitura tenha iniciado, na verdade reiniciado – lá atrás o atual Prefeito falou que iria fazer isto, começou, mas parou – a campanha do não sujar a cidade. Mas, a meu ver, começou pelo lado mais fraco, em cima do cidadão porcalhão. É mais fácil ir em cima do indivíduo.
E como eu sou apologista de que já pagamos muitos impostos e tentar arrecadar multa em cima de indivíduos é covardia, vou lançar uma proposta que, se alguém da Prefeitura ler e quiser bancar, pode ser que dê certo. E a sujeira vai diminuir enormemente, e o cidadão indivíduo vai acabar colaborando espontaneamente.
Vocês já repararam que pela cidade existem milhares (ou milhões) de pichações, com santinhos de cartomantes, Caboclo 7 Flechas, tiro xerox, ou mesmo vendo apartamento de quarto e sala  e uma Brasília amarela?  São muitos e os locais prediletos são postes, paredes (claras, de preferência), muros, e locais com grande visibilidade. Chamo isto de publicidade institucional, pois, em sua maior parte são feitas por empresas ou “quase empresas”. E eu entendo que o bem comum se sobrepõe ao bem individual. Se quero vender ou anunciar alguma coisa, tenho que me sujeitar às regras de civilidade e não posso sair pichando ou colando algo em qualquer lugar.
Por outro lado, todos nós pagamos impostos para que? Para que o poder público exerça, ordeiramente e na Lei, o poder fiscalizatório e ordenador, que vem das próprias leis que redige.
Além disto, os nossos impostos, desde a Constituição de 1988, financiam um ente com muitos poderes, de fiscalização e punição que é são os Ministérios Públicos, em seus diversos níveis (federal, estadual e municipal). Ou seja, as leis existem e existem autoridades competentes que deveriam estra punindo e coibindo as práticas de pichação, que chamo de pichação institucional, pois visam a algum tipo de lucro. Não são pichações de grafiteiros ou “artistas urbanos”. Aliás, este assunto vai ser abordado algum dia.
Ou seja, pagamos por aquilo, e empresas, indivíduos e o próprio poder público danificam coisas que foram construídas com o dinheiro de nossos impostos.
Não sou bacharel em direito, mas sei ler e pensar. Fiz uma pequena pesquisa no Código Penal e vi que diversos artigos podem, e devem punir que picha e danifica patrimônio público ou privado. Vamos dar uma pequena ajudinha à Prefeitura e à Procuradoria do Município do Rio, pinçando do Código Penal as infrações que acho que estão sendo cometidas. Os textos do Código Penal estão em azul.
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
...
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista ...

Vemos que danificar patrimônio de qualquer ente público, bem como suas empresas e mesmo patrimônio de uma concessionária de serviços públicos.
A seguir, temos a coisa mais interessante, que é facilitação ou a omissão que propiciou o crime.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Existem mais artigos que podem ajudar nos que mostrei acima, mas o importante é que danificar patrimônio público ou de concessionário público é crime. Mais ainda, facilitar a vida do criminoso ou se omitir propiciando o crime, também é crime.
E voltemos às cartomantes. Todos esses santinhos e cartazes distribuídos nas ruas ou afixados em postes, paredes, em orelhões, e em qualquer lugar contêm um telefone para contato. Ou seja, o pichador, que pelo Código Penal é um criminoso, se utiliza de um telefone para concretizar o delito. Ora, a empresa de telefonia é quem fornece o telefone e pela sua omissão, um delito é cometido.
E desta forma, fica muito fácil que os Prefeitos de qualquer cidade brasileira conversem com seus procuradores e analisem o que sugiro – se estiverem lendo este blog. Se isto é factível, convoquem para um café da manhã os presidentes das grandes empresas de telefonia e sugiram que os mesmos passem a cortar os telefones dos usuários que usam este meio para cometerem seus crimes contra o patrimônio público ou de terceiros.
Aliás, as maiores interessadas nisto deveriam ser as empresas que possuem orelhões, pois os danos que os colocadores de santinhos fazem nos mesmos é muito alto. Eu mesmo já ouvi de um executivo de uma delas que o custo é alto e o órgão regulador imputa multas pelos danos causados. Ou seja, por que não cortam o telefone dos infratores?
Como sou carioca, gosto da cidade e a mesma vai receber – aliás já está – milhares de turistas nos próximos eventos, deixo aqui um convite para que o nosso Prefeito estude medidas nesta linha.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

VAMOS ORGANIZAR A “FESTA”


Ser gestor de negócios privados ou públicos, tem suas vantagens e desvantagens. Mas acredito que ser gestor de coisa pública tem mais desvantagens. No meu ponto de vista, a maior desvantagem é estar “acordado” 24 horas por dia e 7 dias na semana. Tem que estar atento, ligado, e planejar o tempo todo.
Uma das maluquices que vejo no País e onde moro, Rio de Janeiro, é uma certa falta de atenção e planejamento nas ações públicas, principalmente aquelas em que envolvem o deslocamento urbano. Obras e intervenções emergenciais têm que ter o mínimo de planejamento.
Ontem, 19.08, presenciei um exemplo de falta de planejamento e de administrador “dormindo” no fim de semana. Em Santa Tereza, perto do Corpo de Bombeiros, um automóvel derrapou, derrubou um poste – da Rio Luz, e os cabos presos nele. Além disto, derrubou uma mureta de proteção e, se não fosse uma árvore, teria se projetado morro abaixo.
E vamos ao exemplo de falta de planejamento e de visão. Uso Santa Tereza nos meus deslocamentos para o trabalho e às 9:30, na Rua Almirante Alexandrino, vejo guardas municipais interrompendo o trânsito, para que uma turma da Rio Luz retirasse o carro e o poste caído. Interrupção de quase 2 horas, e caos no local. Sem nada para fazer, desliguei o carro e fui ver e fotografar a operação. O triste é que, como não circulavam ônibus, as pessoas começaram a andar para irem a escolas, trabalho, etc. Conversei com moradores do local que me informaram que o acidente tinha sido no domingo, por volta das 7:00. Ou seja, levaram mais de 24 horas para resolver um problema que poderia ser resolvido no próprio domingo e sem muitos problemas ao trânsito, por não ser um dia útil. Ou seja, tinha gente dormindo até mais tarde, no domingo, na Rio Luz.
População exercitando-se
Operação complicada
O "derrubador"

Hoje, dia 20.08, às 10:00, em frente ao meu escritório na Rua do Ouvidor, entra um caminhão da Prefeitura – Rio Conservação e interdita a rua para um reparo de manutenção. Não dava para fazer em um sábado ou num domingo, quando o movimento de ruas como a Ouvidor é perto de zero?
Ouvidor "fechada para obras"
Ou seja, pagamos impostos para que os agentes públicos sejam eficientes e ajam em prol de quem paga imposto. O que acontece, parece ser exatamente o contrário.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A ENERGIA SOLAR E A INSANIDADE TRIBUTÁRIA BRASILEIRA


Eu tinha prometido que este blog procuraria ser o menos complicado possível, tratando de nossa infra estrutura do dia a dia.
Mas quando eu às vezes não cumpro esta promessa, procuro ser o mais didático possível, pois grande parte de meus leitores não têm a obrigação de entender detalhes técnicos.
Uma coisa que aprendi ao longo da vida é sempre ouvir quem tem mais experiência que nós. E aprender, para mim, é sempre bom. Em 2002, a convite de um cliente do setor elétrico, fui assistir uma palestra do Prof. Hermann Scherr no CEPEL. O Prof. Scherr, além de renomado cientista, era deputado no parlamento alemão. Ele estava lançando um novo livro , “Economia Solar Global”, e deu uma palestra sobre as energias alternativas. Na época, energia solar e eólica, no Brasil, eram realmente energias alternativas, pois eram tidas como coisas de malucos naturebas. Mas o que mais me impressionou na palestra foi o alerta que Scherr dava sobre o fato de que, para existir qualquer nova matriz de geração, não eram necessários somente critérios técnicos. eram necessárias decisões políticas.
Este escriba assistindo a palestra do Prof. Hermann Scherr, no CEPEL, em 2002Fonte: CRESESB/CEPEL

O interessante é que isto se concretizou no Brasil com a energia eólica. Já em meados de 2002, o Governo Federal lançou o PROINFA, programa que incentivou o uso de fontes de geração alternativas, tais como eólica, biomassa e pequenas centrais hidroelétricas. Surpreendentemente, a matriz solar ficou de fora.
O resultado é que a energia eólica decolou, a energia através de biomassa se consolidou e o país hoje tem 9,8% de sua energia produzida por estas matrizes. Ou seja, com os incentivos corretos, novas fontes de geração de energia são adotadas. E é óbvio que a principal fonte de geração do país sempre será a hídrica, que ainda responde por 64,4% da geração nacional.
O que comentarei a seguir é sobre os incentivos à produção de energia via matriz solar e tributação. E como este Blog foca na importância dos tributos que pagamos e no retorno que os Governos nos dão, fazer a ligação entre infra estrutura e tributos, tem tudo a ver.
Outro dia, ouvindo o jornalista André Trigueiro no seu programa Mundo Sustentável, fiquei pasmo com uma notícia que ele deu. O negócio era tão absurdo, que fui conferir.
No final do ano passado, a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica emitiu norma para incentivar a micro geração de energia solar, através de painéis fotovoltaicos. A medida emitida pela agência reguladora visa a incentivar a produção de energia elétrica por consumidores individuais, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. E o que quer dizer isto? Significa que produtores independentes podem geram energia a partir do uso de coletores fotovoltaicos. Ou seja, um shopping center tem uma grande área descoberta de estacionamento. Pode cobri-la com coletores solares, gerar energia, e se existir excedente de produção – a diferença entre o que produz e consome, pode vender este excedente para a distribuidora de energia local.
Agora, aparece a insanidade tributária insaciável dos governos estaduais. Para melhor entendimento de leigos, o principal imposto cobrado por governos estaduais é o ICMS, e o mesmo é legislado baseando-se no Código Tributário Nacional e nos regulamentos do ICMS de cada estado. Para se evitar confusões maiores entre estados, existe o CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária, composto por representantes das fazendas estaduais, mais representantes da Receita Federal e do Tesouro Nacional. Periodicamente, o CONFAZ se reune e emite normas relativas ao ICMS.
E a doideira é que, na contramão do incentivo à energia solar dado pela ANEEL, o CONFAZ decidiu em abril último não tributar o produtor independente de energia solar pela diferença entre o produzido e o consumido. O CONFAZ determinou que este produtor deverá pagar o ICMS pelo total recebido, e não pela diferença. Ou seja, o órgão regulador – ANEEL, dá um incentivo e os secretários estaduais de fazenda o tiram. Repete-se aqui a mesma doideira que já acontece no setor de petróleo, que é taxado de tudo quanto é lado.
Realmente, acho que está faltando ao Governo Federal um “Garrincha”, pois está faltando combinar com os “russos”. Parece aquela foto célebre do ex-presidente Jânio Quadros, um pé para um lado e o outro em sentido contrário.
A energia solar é a ideal para sistemas isolados e para produtores independentes. Como um exemplo, posso citar a Alemanha, que já produz mais de 32 Gigawatts de energia solar, a maior parte neste esquema de produtor independente.
Virou casa de Noca, pois todo mundo manda e ninguém obedece, e desta forma tão cedo não veremos vingar no País a energia solar. Estão matando a galinha dos ovos de ouro e deixam de arrecadar no futuro, tentando arrecadar qualquer coisa agora.