terça-feira, 9 de julho de 2013

MÉDICOS – O SERVIÇO OBRIGATÓRIO (ou o total desconhecimento do que é mercado)


Fico assustado quando nosso governo quer governar através de leis e fazer com que eventos e pessoas sigam leis que partem de decisões, no mínimo, destrambelhadas.
E não me venham dizer que saúde não é infra estrutura. Saúde, segurança e educação são os mais preciosos itens da infra estrutura de um pais. E se funcionam, são o exemplo de um imposto bem aplicado por governos.
Li com espanto que o governo, para solucionar o problema da falta de médicos nos hospitais públicos, vai obrigar a todos os formandos em medicina a ficarem mais 2 anos no serviço público, condicionados a receber o diploma, uma coisa obrigatória.
Não vou nem entrar em considerações se isto é constitucional ou não. Vou apenas me ater ao que o “mercado” pode ou vai fazer. Sei que tem pessoas que não gostam muito desta palavra “mercado”. Lembro que este ser invisível é constituído por nós, as pessoas.
E antes de concluir este assunto dos médicos, vou recorrer à uma historiazinha de Economia Brasileira, cadeira que vez por outra ministro em faculdades. Vou contar a vocês como surgiu a prática cheque pré datado. No início dos anos 80, inflação entrando nos 3 dígitos anuais, a análise do ministro Delfim Neto era que a inflação brasileira era ocasionada pela demanda aquecida, e o espelho disto eram os sucessivos aumentos nas vendas de carros.
Na época, compravam-se carros com uma pequena entrada, normalmente de 10% do valor do carro e o restante pagava-se em 24 meses. Para refrear o consumo, resolveu-se, por uma instrução do Banco Central, aumentar o valor do sinal para 20% e diminuir o número de prestações para 18 prestações, e é claro com o devido aumento na taxa de juros. Funcionou, não. Diminuíram o número de prestações para 12. Funcionou, não. Aí, resolveram aumentar o sinal para 40% do valor do carro e o restante seria financiado em até 6 prestações.
O que fez o mercado? Ressalto que mercado, neste caso, são os compradores de veículos de um lado e bancos e financeiras de outro.  O mercado se ajustou. Compradores e financeiras se compuseram fazendo contratos como o governo queria (com a entrada e as 6 parcelas), mas na verdade o que valia eram os cheques pré datados que completavam o contrato “pra inglês ver”. Numa medida na qual o governo ignorou o mercado, criou-se o cheque pré datado.
O que pode acontecer no caso dos médicos formandos? Criar-se uma indústria para que os formandos no 5o ano da faculdade de medicina terminem seus cursos no exterior. Claro que isto beneficiará em sua maioria os alunos que tenham mais recursos. Mas aqueles que também tenham as melhores notas nos cursos também terão esta oportunidade, pois bom aluno sempre tem vaga em qualquer faculdade.
Isto é só uma hipótese das muitas coisas que poderão ocorrer. Mas o bom e velho mercado se ajustará, e este ajuste, qualquer que seja ele, não será bom para o país, pois na prática estará se transformando um curso de 6 anos em um de 8. Vamos esperar e ver o que acontece. Pode ser até engraçado, ou trágico, dependendo do humor do momento.

2 comentários:

  1. o curso já é de oito!!! as pessoas ficam 2, 3 anos em residência. vai passar pra um curso de 9-11 anos! é um absurdo completo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Concordo Carol,
      O bem mais precioso que o ser humano tem é o tempo, pois este é limitado (e nāo temos um marcador de reservatório para ver quando entra na reserva).
      Dispor do tempo dos outros é um absurdo e em se tratando de governo, é no mínimo uma coisa meio ditatorial.
      Transferir a incompetência do governo para o cidadão é realmente um absurdo.
      Pagamos impostos altos e, o que se quer, no mínimo, é eficiência da parte de wuem recebe os impostos. É muita incompetência mesmo.

      Excluir