Fico assustado quando nosso
governo quer governar através de leis e fazer com que eventos e pessoas sigam
leis que partem de decisões, no mínimo, destrambelhadas.
E não me venham dizer que
saúde não é infra estrutura. Saúde, segurança e educação são os mais preciosos
itens da infra estrutura de um pais. E se funcionam, são o exemplo de um
imposto bem aplicado por governos.
Li com espanto que o governo,
para solucionar o problema da falta de médicos nos hospitais públicos, vai obrigar
a todos os formandos em medicina a ficarem mais 2 anos no serviço público,
condicionados a receber o diploma, uma coisa obrigatória.
Não vou nem entrar em
considerações se isto é constitucional ou não. Vou apenas me ater ao que o
“mercado” pode ou vai fazer. Sei que tem pessoas que não gostam muito desta
palavra “mercado”. Lembro que este ser invisível é constituído por nós, as
pessoas.
E antes de concluir este
assunto dos médicos, vou recorrer à uma historiazinha de Economia Brasileira,
cadeira que vez por outra ministro em faculdades. Vou contar a vocês como
surgiu a prática cheque pré datado. No início dos anos 80, inflação entrando
nos 3 dígitos anuais, a análise do ministro Delfim Neto era que a inflação
brasileira era ocasionada pela demanda aquecida, e o espelho disto eram os
sucessivos aumentos nas vendas de carros.
Na época, compravam-se carros
com uma pequena entrada, normalmente de 10% do valor do carro e o restante
pagava-se em 24 meses. Para refrear o consumo, resolveu-se, por uma instrução
do Banco Central, aumentar o valor do sinal para 20% e diminuir o número de
prestações para 18 prestações, e é claro com o devido aumento na taxa de juros.
Funcionou, não. Diminuíram o número de prestações para 12. Funcionou, não. Aí,
resolveram aumentar o sinal para 40% do valor do carro e o restante seria
financiado em até 6 prestações.
O que fez o mercado? Ressalto
que mercado, neste caso, são os compradores de veículos de um lado e bancos e
financeiras de outro. O mercado se
ajustou. Compradores e financeiras se compuseram fazendo contratos como o
governo queria (com a entrada e as 6 parcelas), mas na verdade o que valia eram
os cheques pré datados que completavam o contrato “pra inglês ver”. Numa medida
na qual o governo ignorou o mercado, criou-se o cheque pré datado.
O que pode acontecer no caso
dos médicos formandos? Criar-se uma indústria para que os formandos no 5o
ano da faculdade de medicina terminem seus cursos no exterior. Claro que isto
beneficiará em sua maioria os alunos que tenham mais recursos. Mas aqueles que
também tenham as melhores notas nos cursos também terão esta oportunidade, pois
bom aluno sempre tem vaga em qualquer faculdade.
Isto é só uma hipótese das
muitas coisas que poderão ocorrer. Mas o bom e velho mercado se ajustará, e
este ajuste, qualquer que seja ele, não será bom para o país, pois na prática
estará se transformando um curso de 6 anos em um de 8. Vamos esperar e ver o
que acontece. Pode ser até engraçado, ou trágico, dependendo do humor do
momento.
o curso já é de oito!!! as pessoas ficam 2, 3 anos em residência. vai passar pra um curso de 9-11 anos! é um absurdo completo.
ResponderExcluirConcordo Carol,
ExcluirO bem mais precioso que o ser humano tem é o tempo, pois este é limitado (e nāo temos um marcador de reservatório para ver quando entra na reserva).
Dispor do tempo dos outros é um absurdo e em se tratando de governo, é no mínimo uma coisa meio ditatorial.
Transferir a incompetência do governo para o cidadão é realmente um absurdo.
Pagamos impostos altos e, o que se quer, no mínimo, é eficiência da parte de wuem recebe os impostos. É muita incompetência mesmo.