O Papa engarrafado
- o Papa sentiu o que é ser
carioca; e ver pela TV a quantidade de ônibus à frente da comitiva papal, foi
de dar pena;
- a segurança não estava
preparada para isto, todos (segurança pessoal e guardas de trânsito não
portavam intercomunicadores;
- me pergunto: porque deram o
feriado a partir das 16:00, se esta era a hora de chegada do Papa no Galeão?
Quem anda de ônibus e percorre o Rio a pé, de carro, ou qualquer outro meio de
transporte público, sabe que o percurso médio entre casa e trabalho é de mais
de 1 hora. Ou seja, qualquer que fosse o trajeto, o Papa ficaria engarrafado em
algum lugar.
- mais ainda: como alertamos
na série sobre os ônibus do Rio cruzando o Centro – o Rio é o único lugar do
mundo onde isto acontece – era óbvio que teriam muitos ônibus no Centro do Rio
na hora em que o Papa cruzasse o Centro.
- Reparei, também, que as
motos que escoltavam o Papa eram da Polícia Rodoviária Federal. Bonitas,
imponentes, tudo Harley Electra Glide. Ok, mas os caras patrulham rodovias, não
conhecem a cidade e quem tinha que estar ali eram motocas da PM (ou a Guarda
Municipal), com suas 250 cc pequenas, mas manobráveis em uma cidade. E a PM (ou
a GM) não iria errar de pista, conforme informaram.
- Conclusão: quem decide as
coisas no Rio há muito deixou de usar transporte de massa e se desloca, quando
de carro, com sirenes e batedores, para desengarrafar o trânsito a sua frente.
Ou houve choque de egos, e quem não mora na cidade resolveu planejar o evento.
Quarta-feira (25.7) tranquila
- Pela manhã, levei menos de 2
minutos entre a Barra e a entrada do Túnel Rebouças na Lagoa. Eram 7:30 e
parecia sábado na mesma hora. Reparei que tinham muitos carros nas ruas, mas a
fluidez do trânsito era porque não haviam ônibus rodando. Os pontos à margem da
Lagoa Rodrigo de Freitas estavam apinhados de pessoas. Realmente, Secretário de
Transportes e empresas de ônibus estão abusando da paciência da população, ou
endoidaram de vez.
- A turma do meu escritório
reparou no mesmo, e é gente morando na Barra, Tijuca, Niterói e Grajaú.
Aparentemente, aconteceu em toda a cidade.
O MICO do Metrô e a falta de planejamento; a CEDAE pode estar indo pelo
mesmo caminho
- Quem já trabalhou em grande
empresa, e principalmente na área financeira, sabe que nas vésperas de fim do
ano, têm que adotar determinadas medidas, visando, entre outras coisas, ao
fechamento do balanço da empresa. Ou seja, marcam-se datas para fazer-se os
últimos pagamentos e recebimentos do ano, datas de expedição e entrada de
mercadorias, etc. Tudo para evitar que sejam feitas nos últimos dias do ano.
- Em grandes eventos, tipo o
Carnaval, o Ano Novo na Praia de Copacabana, ou mesmo uma visita de Papa,
algumas medidas têm que ser adotadas. E uma das principais é pedir-se aos
concessionários de serviços públicos que não façam grandes obras, ou
interrompam as em andamento, para que não ocorram coisas que afetem o fluxo das
pessoas ou prejudiquem os eventos.
- O Metrô do Rio resolveu
fazer o que seria uma pequena interrupção na sua rede elétrica, nas cercanias
da futura estação da Rua Uruguai, para proceder a instalação da rede elétrica
da mesma. Esta foi a explicação que deram no dia seguinte.
- Por um aparente erro de
operação, desligaram a rede inteira e a cidade ficou sem a sua única linha de
metrô por quase 3 horas, prejudicando o fluxo de peregrinos que iam para
Copacabana assistir à inauguração da JMJ. Foi o caos na cidade.
- Será que é preciso lembrar
aos concessionários que tais coisas não devem ser feitos nestes períodos de
grandes eventos? Será que a Prefeitura esqueceu de lembrar isto?
- Não foi por urgência na
conclusão das obras na estação Uruguai. Esta estação está prevista desde o
projeto original do metrô do Rio, cujas escavações começaram em 1967. Por mais
uma semana de atraso, a população da Tijuca não vai reclamar. Já esperaram mais
de 40 anos, esperariam mais uma semana.
- E hoje (26.07), ouço que a
CEDAE vai fechar o abastecimento de água no próximo domingo (e a obra vai até o
fim da 2a feira) para a Ilha do Governador e áreas do entorno do
complexo de favelas da Maré, para obras em uma sub adutora, para permitir a
conclusão do traçado do BRT ligando a Barra da Tijuca à Ilha do Governador.
Idem, idem. Não dava para fazer depois? Na 2a feira milhares de
ônibus de peregrinos estarão deixando o Rio, usando as Linhas Amarela e
Vermelha, próximas ao local onde farão as referidas obras. Se acontece algum
problema nesta hora, como vai ser?
Rezemos e peçamos ajuda ao Papa para que nada aconteça, pois só com
ajuda divina ante a tanta imprevidência.
Ônibus de novo
- Li nos jornais e ouvi nas
rádios os dramas de quem tentou sair de Copacabana ao final da inauguração da
JMJ, na última 3a feira. Problemas no metrô e falta de ônibus. Será
que a Secretaria de Transportes não poderia dizer às empresas de ônibus para
que estas operem em força máxima?
- Aliás, acabei de ouvir no
rádio que estas estão pedindo à Secretaria de Transportes para operar na força
máxima. Fico pensando – tem que pedir? Ou é a total falta de bom senso? Todo
mundo já está cansado da baixa qualidade dos ônibus e as empresas ficam fazendo
vista grossa para a situação que é delas mesma.
O vexame de Guaratiba
- Todos viram que o
encerramento da JMJ se daria em Guaratiba, em um imenso descampado, que foi
lindamente preparado para a festa de encerramento.
- Só que nos últimos dias
choveu muito no Rio e a área ficou inundada e transformada em um imenso
lamaçal.
- Para quem não é do Rio ou
não estudou a geologia da cidade, a referida área e a maior parte da baixada de
Guaratiba é de solo turfoso, pois a área é repleta de manguzais. Aliás,
guaratiba em tupi guarani significa ajuntamento de aves, pois o local é repleto
de garças, ave aquática. Concluo que é um aterro recente, em termos geológicos (pela natureza) ou recente mesmo, pela mão do homem.
- Ou seja, choveu ou dá maré
alta, a probabilidade da área inundar é muito grande. Além disto, pelas fotos
publicadas nos jornais, o terreno não deve ter nenhum caimento. Qualquer
pedreiro ou mestre de obras sabe disto.
- E na Prefeitura do Rio, no
seu serviço de cartografia do Instituto Pereira Passos, tem a cidade inteira
mapeada, com curvas de níveis e as ruas da cidade. Eu mesmo tirei uma cópia
outro dia, de uma área da cidade. As curvas de nível do local indicariam que a área escolhida não tinha caimento ou era de manguezal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário