sexta-feira, 26 de julho de 2013

REFLEXÕES SOBRE A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE (JMJ)


O Papa engarrafado
- o Papa sentiu o que é ser carioca; e ver pela TV a quantidade de ônibus à frente da comitiva papal, foi de dar pena;
- a segurança não estava preparada para isto, todos (segurança pessoal e guardas de trânsito não portavam intercomunicadores;
- me pergunto: porque deram o feriado a partir das 16:00, se esta era a hora de chegada do Papa no Galeão? Quem anda de ônibus e percorre o Rio a pé, de carro, ou qualquer outro meio de transporte público, sabe que o percurso médio entre casa e trabalho é de mais de 1 hora. Ou seja, qualquer que fosse o trajeto, o Papa ficaria engarrafado em algum lugar.
- mais ainda: como alertamos na série sobre os ônibus do Rio cruzando o Centro – o Rio é o único lugar do mundo onde isto acontece – era óbvio que teriam muitos ônibus no Centro do Rio na hora em que o Papa cruzasse o Centro.
- Reparei, também, que as motos que escoltavam o Papa eram da Polícia Rodoviária Federal. Bonitas, imponentes, tudo Harley Electra Glide. Ok, mas os caras patrulham rodovias, não conhecem a cidade e quem tinha que estar ali eram motocas da PM (ou a Guarda Municipal), com suas 250 cc pequenas, mas manobráveis em uma cidade. E a PM (ou a GM) não iria errar de pista, conforme informaram.
- Conclusão: quem decide as coisas no Rio há muito deixou de usar transporte de massa e se desloca, quando de carro, com sirenes e batedores, para desengarrafar o trânsito a sua frente. Ou houve choque de egos, e quem não mora na cidade resolveu planejar o evento.

Quarta-feira (25.7) tranquila
- Pela manhã, levei menos de 2 minutos entre a Barra e a entrada do Túnel Rebouças na Lagoa. Eram 7:30 e parecia sábado na mesma hora. Reparei que tinham muitos carros nas ruas, mas a fluidez do trânsito era porque não haviam ônibus rodando. Os pontos à margem da Lagoa Rodrigo de Freitas estavam apinhados de pessoas. Realmente, Secretário de Transportes e empresas de ônibus estão abusando da paciência da população, ou endoidaram de vez.
- A turma do meu escritório reparou no mesmo, e é gente morando na Barra, Tijuca, Niterói e Grajaú. Aparentemente, aconteceu em toda a cidade.

O MICO do Metrô e a falta de planejamento; a CEDAE pode estar indo pelo mesmo caminho
- Quem já trabalhou em grande empresa, e principalmente na área financeira, sabe que nas vésperas de fim do ano, têm que adotar determinadas medidas, visando, entre outras coisas, ao fechamento do balanço da empresa. Ou seja, marcam-se datas para fazer-se os últimos pagamentos e recebimentos do ano, datas de expedição e entrada de mercadorias, etc. Tudo para evitar que sejam feitas nos últimos dias do ano.
- Em grandes eventos, tipo o Carnaval, o Ano Novo na Praia de Copacabana, ou mesmo uma visita de Papa, algumas medidas têm que ser adotadas. E uma das principais é pedir-se aos concessionários de serviços públicos que não façam grandes obras, ou interrompam as em andamento, para que não ocorram coisas que afetem o fluxo das pessoas ou prejudiquem os eventos.
- O Metrô do Rio resolveu fazer o que seria uma pequena interrupção na sua rede elétrica, nas cercanias da futura estação da Rua Uruguai, para proceder a instalação da rede elétrica da mesma. Esta foi a explicação que deram no dia seguinte.
- Por um aparente erro de operação, desligaram a rede inteira e a cidade ficou sem a sua única linha de metrô por quase 3 horas, prejudicando o fluxo de peregrinos que iam para Copacabana assistir à inauguração da JMJ. Foi o caos na cidade.
- Será que é preciso lembrar aos concessionários que tais coisas não devem ser feitos nestes períodos de grandes eventos? Será que a Prefeitura esqueceu de lembrar isto?
- Não foi por urgência na conclusão das obras na estação Uruguai. Esta estação está prevista desde o projeto original do metrô do Rio, cujas escavações começaram em 1967. Por mais uma semana de atraso, a população da Tijuca não vai reclamar. Já esperaram mais de 40 anos, esperariam mais uma semana.
- E hoje (26.07), ouço que a CEDAE vai fechar o abastecimento de água no próximo domingo (e a obra vai até o fim da 2a feira) para a Ilha do Governador e áreas do entorno do complexo de favelas da Maré, para obras em uma sub adutora, para permitir a conclusão do traçado do BRT ligando a Barra da Tijuca à Ilha do Governador. Idem, idem. Não dava para fazer depois? Na 2a feira milhares de ônibus de peregrinos estarão deixando o Rio, usando as Linhas Amarela e Vermelha, próximas ao local onde farão as referidas obras. Se acontece algum problema nesta hora, como vai ser?  Rezemos e peçamos ajuda ao Papa para que nada aconteça, pois só com ajuda divina ante a tanta imprevidência.

Ônibus de novo
- Li nos jornais e ouvi nas rádios os dramas de quem tentou sair de Copacabana ao final da inauguração da JMJ, na última 3a feira. Problemas no metrô e falta de ônibus. Será que a Secretaria de Transportes não poderia dizer às empresas de ônibus para que estas operem em força máxima?
- Aliás, acabei de ouvir no rádio que estas estão pedindo à Secretaria de Transportes para operar na força máxima. Fico pensando – tem que pedir? Ou é a total falta de bom senso? Todo mundo já está cansado da baixa qualidade dos ônibus e as empresas ficam fazendo vista grossa para a situação que é delas mesma.

O vexame de Guaratiba
- Todos viram que o encerramento da JMJ se daria em Guaratiba, em um imenso descampado, que foi lindamente preparado para a festa de encerramento.
- Só que nos últimos dias choveu muito no Rio e a área ficou inundada e transformada em um imenso lamaçal.
- Para quem não é do Rio ou não estudou a geologia da cidade, a referida área e a maior parte da baixada de Guaratiba é de solo turfoso, pois a área é repleta de manguzais. Aliás, guaratiba em tupi guarani significa ajuntamento de aves, pois o local é repleto de garças, ave aquática. Concluo que é um aterro recente, em termos geológicos (pela natureza) ou recente mesmo, pela mão do homem.
- Ou seja, choveu ou dá maré alta, a probabilidade da área inundar é muito grande. Além disto, pelas fotos publicadas nos jornais, o terreno não deve ter nenhum caimento. Qualquer pedreiro ou mestre de obras sabe disto.
- E na Prefeitura do Rio, no seu serviço de cartografia do Instituto Pereira Passos, tem a cidade inteira mapeada, com curvas de níveis e as ruas da cidade. Eu mesmo tirei uma cópia outro dia, de uma área da cidade. As curvas de nível do local indicariam que a área escolhida não tinha caimento ou era de manguezal.

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