segunda-feira, 22 de julho de 2013

O PAPA FICOU NO ENGARRAFAMENTO (ou Apertem os cintos, o comandante sumiu)


O Papa chegou ao Rio e foi brindado com um típico dia do trabalhador carioca, ou seja, com um monumental engarrafamento de ... ônibus.
Todos, que acompanharam pela TV, viram a tremenda gafe de organização e de falta de segurança. Vou deixar para comentar isto e um outro fato daqui a pouco.
Mas como sempre diz o economista Sérgio Besserman, um observador muito atento a diversas coisas, o brasileiro gosta de focar no “hardware” e sempre se esquece do “software”. Quando o Besserman fala de hardware e software não está se referindo à lógica dos computadores. Eu já escrevi aqui no blog sobre a mania brasileira de olhar os ativos tangíveis, aqueles que todos veem, e se esquecem de atentar para quem vai operar o ativo.
A nossa Prefeitura construiu há cerca de ano e meio o famoso Centro de Controle de Operações, que fica numa rua ali atrás da sede da Prefeitura, o famoso Piranhão. Se vocês observarem bem, repararão que nas principais vias da cidade e de seus cruzamentos existem uns postes de aço galvanizado bem altos com câmeras lá no topo. Estas câmeras se ligam ao tal Centro de Controle de Operações. Então, o hardware existe, a tecnologia é de ponta, segundo me contaram alguns amigos que participaram da montagem da coisa.
Mas, e o software? Aquele carinha que vai estar lá na rua, e que teoricamente deveria estar recebendo instruções da coisa? Lembrei-me de uma professora de faculdade, funcionária pública de carreira e aluna dileta de Hélio Beltrão. Ela ajudou o Ministro na restruturação dos Correios, na sua automação, na criação do CEP, etc. Esta professora falava que o maior problema em qualquer correio do mundo era “a milha final”, pois por mais que os correios se automatizassem, a milha final sempre dependeria do homem. Se este falhasse, não adiantaria nada o Correio ter se modernizado e a imagem de desorganização do mesmo continuaria. Agradeço a esta professora os primeiros conceitos sobre hardware e software, no seu senso mais amplo.
Ter o equipamento, mas não treinar que vai executar a solução do problema no local do mesmo, é jogar dinheiro fora. Mas ainda, sem ter um comando e planejamento centralizados, de nada adianta ter equipamentos.
Fora o que se viu na TV, relato um fato interessante pelo qual passei e presenciei. Nos meus deslocamentos casa (Barra) ao meu escritório (Centro), uso um caminho heterodoxo. Subo a Estrada das Furnas, pego a Estrada do Corcovado (em direção às Paineiras) e desço por Santa Tereza. Faço o percurso em menos de uma hora, quando outras pessoas, por carros, levam mais de hora e meia e às vezes, mais de duas horas. Hoje, pela manhã, fiz o caminho de sempre, e a única coisa diferente foi o maior número de turistas, todos com camisas da Jornada Mundial da Juventude.
Na volta, 17:30, subi Santa Teresa, passei por uma viatura da PM no Silvestre e subi a Estrada do Corcovado. Em frente ao Hotel das Paineiras, a cancela da estrada estava fechada. Havia uma viatura da PM e perguntei ao soldado o que havia. Ele me informa que, devido ao grande número de peregrinos que transitava pela estrada, o diretor do Parque Nacional da Tijuca mandou fechar o mesmo por volta de meio dia. Perguntei de novo, se era por segurança, já que o Papa iria se alojar na casa do Arcebispo, no Sumaré. O guarda falou que não. Eu perguntei se ele não poderia avisar aos colegas que estavam na entrada do parque, no Silvestre, para que fechassem o acesso mais abaixo, evitando que mais pessoas fizessem o que eu fiz. Resposta dele: “O pessoal lá de baixo é da UPP”. Eu resolvi parar de perguntar, porque isto não faz sentido.
Desci e no entroncamento com o Mirante Dona Marta tinha outra viatura e uma soldada da PM, ante o que eu contei, desceu até o Silvestre e fechou o acesso. Parabéns a esta soldada.  Faço um parênteses – sou contra o total linchamento que fazem com os soldados da PM. Eles são o software, mal pagos e mal treinados que temos. É burrice execrá-los. Temos que cobrar investimentos no treinamento e no salário deles. Mas, todos os PMs ali
E para terminar:
- Onde está o comando centralizado da coisa? O diretor do parque, que é federal, decide fechar o mesmo por acúmulo de gente e pronto. Fica por isto? Quem manda nele? Ou ele decide tudo sozinho?
- Se fecharam por razões de segurança, poderiam ter fechado 4,5 km acima, na confluência das Estradas das Paineiras, Corcovado e Sumaré. Sei a distância porque em 1984, participei da marcação de “nosso campo de treinos” de verão, nos preparativos da clínica da maratona do Rio, patrocinadas pelo JB.
- O engarrafamento do Papa foi ridículo. Vi quando a Rio Branco foi fechada, às 15:00, porque estava indo pegar uns documentos no Hotel Windsor Guanabara. Já estava um caos, mas imaginei que iriam desviar os ônibus da pista lateral, para a pista central da Presidente Vargas, na altura dos prédio dos Correios. Isto deveria ter sido feito também às 15:00. Não fizeram.
- Quem planejou isto não mora no Rio, ou anda de helicóptero e não sofre com os engarrafamentos.
- E por fim – repararam que os seguranças do Papa não tinham rádios? Nem os guardas de trânsito da CET Rio, nem os guardas Municipais, nem os PMs que estavam ao longo das ruas? Como fazer segurança, ou executar um plano de segurança sem que “a milha final” esteja equipada ou treinada para tal?
A improvisação foi grande, um diretor de parque fecha uma via importante (muita gente está fazendo o caminho que eu faço), e espero que o que ocorreu hoje sirva de lição para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas.
Com relação ao Parque Nacional da Tijuca. Se é verdade o que os PMs me falaram, o INEA tem que dar um puxão de orelhas nele. O local é turístico e nos eventos que virão, o local vai ser muito visitado. E aí, encheu e fecha?
Vamos ao bordão já famoso: Imagina na Copa!

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