terça-feira, 24 de abril de 2018

UM CONTINENTE DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

A Comunidade Europeia caminha para ser um continente movido a energias renováveis e não poluentes.
Diferentemente do Brasil, a Europa não possui grandes rios com bons desníveis para a construção de grandes hidrelétricas. E, hoje em dia, mesmo se tivesse, a questão ambiental provocada pela inundação de grandes áreas não permitiria tais construções.
E com a superpopulação das grandes cidades, a poluição ambiental virou um tema constante. A geração de energia na Europa está baseada em gás natural, energia nuclear, solar e eólica. Cada país focou na matriz que mais lhe interessava, e as opções foram as mais distintas. Isso deveu-se a razões econômicas e geopolíticas. As discrepâncias foram grandes, e exemplificando temos a França com a opção da energia nuclear como ponto forte de sua matriz (energia limpa mas com problemas do lixo nuclear) e a Alemanha optando pelo gás natural e as energias eólicas e solar.
Portugal, foco de meus artigos, tem uma das opções mais interessantes. A matriz energética portuguesa é composta por diversas pequenas centrais hidrelétricas, centrais térmicas a gás natural e diversas plantas eólicas espalhadas pelo pais. Além destas, e nos últimos anos, Portugal tem incentivado a geração distribuída, através da energia solar ou fotovoltaica. Indo a Portugal, é interessante observar dos pontos elevados das cidades, tipo o Castelo de São Jorge em Lisboa, a quantidade de placas solares nos telhados de edifícios comerciais e de residências. E o preço de instalação destes equipamentos nas residências vem diminuindo bastante nos últimos anos, dado que são muitos os produtores e instaladores oferecendo tais produtos e serviços, gerando economia de escala.
Outro fato interessante é que, ao contratar energia para sua residência ou negócio, o consumidor pode optar por qual tipo de fonte de energia quer receber, ou seja, de uma usina eólica ou de uma térmica a gás, por exemplo. Isto dá ao consumidor a opção de ser um consumidor mais responsável sob o ponto de vista energético. E, o sistema de energia elétrica português está integrado aos sistemas espanhol e francês. Em caso de crise de energia em algum país, o outro pode fornecer energia. E existe um órgão regulador transnacional que regula este sistema.
No tocante à poluição atmosférica das grandes cidades, vê-se que o óleo diesel (ou gasóleo como dizem os portugueses) é o grande vilão. Por ser mais poluente do que a gasolina, grandes cidades como Madri e Paris, estão banindo os carros a diesel a partir da próxima década. Percebendo isto, as grandes fabricantes de veículos estão investindo pesado em carros elétricos e híbridos. Portugal não está atrás nesta corrida. Os incentivos oficiais e a participação do governo português para a adoção de carros elétricos ou híbridos são grandes. Aliás, me lembro de uma palestra que assisti no CRESESB-CEPEL em 2000, onde o palestrante principal era o deputado alemão Hermam Scheer, autor da lei alemã de energias renováveis. Nesta palestra, ele foi enfático de que a adoção de energias renováveis na matriz energética de um país não é lima decisão econômica e sim, de política de governo.
Portugal tem hoje 1.250 pontos públicos de carregamento, onde o proprietário de um carro elétrico ou híbrido só paga o carregamento, não pagando o estacionamento. Estes números são do Consórcio Mobi.E, consórcio de empresas de energia e fabricantes de postos de carregamento, responsável pela instalação dos mesmos. A meta é chegar a mais de 10.000 pontos na próxima década. Além disto, ocorreu a alteração da lei de construções, que obrigará, a partir de 2019, que novas construções (prédios ou casas) possuam instalações para carregamento destes veículos.



Hoje, ao adquirir um veículo elétrico, o governo português dá ao consumidor um subsídio de 2.250 €. A partir de 2018, por questões orçamentárias, este incentivo será dado aos primeiros 1.500 consumidores. Até o ano passado não havia tal limite. Além disso, o governo dá a isenção do ISV (o IPVA deles), e, uma limitação do IUC (imposto único de circulação) a um máximo de 35,80 €. Motos elétricas têm um abatimento no seu preço de compra de 20%, limitado ao valor de 400 €.
Outro dado interessante é que Portugal está na competição para abrigar a fábrica europeia de baterias de carros elétricos da fabricante Tesla Motors. 
E. se você estiver em Portugal, a turismo e principalmente no verão, procure ir a uma feira ou exposição de veículos elétricos. Todas as grandes e médias cidades abrigam eventos desta natureza. Antes de viajar, faça uma pesquisa na internet, e aproveite para ver e, mesmo, fazer um test drive em alguns destes veículos. Eu fiz e gostei.

Publicado no Jornal do Brasil em 23.04.2018

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